sábado, janeiro 15, 2011

O Rio de Janeiro continua...

   Não sei muito bem por onde começar. Estou perplexa. Assombrada. Sem palavras. Os sentimentos se confundem entre a tristeza, o desespero, e talvez, o pior deles seja de incapacidade, a sensação de mãos atadas, diante de tudo que está acontecendo e a impossibilidade de fazer algo para ajudar.
   Há dois dias eu conversava com o Zuza pelo MSN, e enquanto isso começou a chover aqui. Comentei, sem nenhum proposito maior, comemorando a chegada da chuva. Ele apenas me disse estar assustado, devido qo que vinha acontecendo na região serrana do Rio.
   Naquele momento, eu não havia, ainda, me situado ao que havia falado, ou ao que estava acontecendo.
   Ontem, pela manhã,o choque: é como se eu estivesse anestesiada há muito tempo. Como se eu voltasse de um transe profundo, recobrasse a conciência, e caísse em meio a realidade. Tudo isso aconteceu simplesmente por eu ter ligado a televisão.


   Vi o caos instalado no Rio de Janeiro. Cidades, agora, fantasmas. Todas as casas sob a lama. Pessoas com o olhar distante... O olhar fixo no nada, em busca de algo que lhes parecesse familiar. Dormiram em suas casas, despediram-se temporariamente daqueles que amam, sem saber que a ausência seria permanente.
  
   Uma das repórteres disse que as pessoas encontradas seriam veladas na quadra de uma escola de samba. Como não lembrar de "Carnaval de Luto"? E me lembrei do Zuza, com um gosto amargo pelo egoismo do meu comentário sobre a chuva. Sem propósito, é verdade. Mas ainda não sei em que mundo eu estava quando não percebi o que vinha ocorrendo há dias.
   Acredito que eu não possa fazer coisas tão grandes para ajudar, mas acredito que muitos de nós, juntos podemos. Peço aos amigos que acompanham nosso trabalho, que puderem fazer algo para ajudar, que não poupem esforços. Faça ao menos uma oração por essas pessoas. Seja qual for a sua crença... Em algum lugar há algo muito maior que pode fazer o impossível!
   Pode até ser que não possamos fazer muito. Mas acredito, ainda, que se nossos papéis de bala forem para o lixo ao invés de entulharem ruas, calçadas, bueiros, já fará uma grande diferença! Afinal de contas, eu poderia citar ao menos tres marcas famosas de produtos, que tinhas suas embalagens em meio a lama das cidades em crise... Pensem nisso!
   Lembre-se de que seja qual for o problema nunca está longe demais de nós.
  

  
Região Serrana
pede alimentos, colchões, doações de sangue.


   Fotos: Internet.
   Vídeo: "Carnaval de Luto", de Zuza Zapata.



domingo, janeiro 09, 2011

Zuza Zapata

   Calma instantânea.
   Essa foi a sensação quando tive o primeiro contato com o trabalho dele, através da música "Azul Ameno". Consegui me transportar para um fim de tarde, de laranja suave, numa praia tranquila, som de mar e violão. Pois é... Seu azul ameno me levou ao laranja suave.
   E de fato, a medida em que me dedicava a ouvir mais músicas, descobria a gama infindável de cores, sensações e poesia, que habitam a arte desse moço.
   Conheci o Zuza em outubro/2009, logo no inicio da divulgação do meu trabalho no PalcoMP3. O próprio site, por meio das nossas influências, nos associou, e decidi então, saber do que se tratava. Eu não saberia descrever o que houve daí por diante. Mas saberia dizer o quanto me surpreendi a cada vez que uma nova canção tocava.
   Eu me apaixonei pelo trabalho dele! A paz, a suavidade, a poesia... Apressei-me em esboçar o quanto fui feliz de encontrá-lo! Ganhei um CD de presente (sem dedicatória, mas ainda em tempo. rs), e hoje o considero como uma grande descoberta musical, e grande amigo!
   E é com muito orgulho que apresento a vocês esse som, que não sei definir como samba, bossa ou MPB, mas, pura e simplesmente, como a boa música brasileira.



Zuza Zapata nasceu em Macaé/RJ, em 24 de novembro de 1983. Gostava de desenhar, criar histórias em quadrinhos, e sonhava cursar Arquitetura. Mudou-se para o Rio de Janeiro/RJ para cursar Gravação e Produção Fonográfica na Universidade Estácio de Sá, onde conheceu Waltinho Carcará. As melodias de Waltinho são o perfeito complemento para os versos de Zuza, ora reforçando o que a letra pede, ora enriquecendo-a ao fugir do óbvio. O disco começou a ser gravado em março/2008 no estúdio Pinguim Rei, por Roberto Júnior (técnico, produtor, e também colega de faculdade). O final da gravação, em abril/2009, aconteceu no estúdio Azul, de Márcio MM Meireles (músico e produtor). Os músicos tiveram total liberdade para criarem em estúdio, por não haver arranjo escrito. Apenas na mixagem, feita no estúdio Pente Fino por Roberto Júnior, é que a forma final de cada música acabou sendo decidida. Meio a fervilhante cena da música brasileira, surge Zuza Zapata: sonoridade peculiar, arranjos modernos e muita poesia.


Jeito Xadrez entrevista: Zuza Zapata.

JX: Qual a origem do nome "Zuza Zapata"?
ZZ: O "Zuza" foi um apelido que ganhei quando eu tinha uns 14 anos. Conheci um grupo de pessoas e comecei a andar come eles, e como não sabiam meu nome, alguém começou a me chamar de Zuza... Talvez porque no dia eu estava com uma blusa onde estava escrito "Cazuza". Acabei adotando o Zuza como apelido. O "Zapata" veio depois. Um belo dia acordei com esse nome na cabeça: "Zuza Zapata" e achei bacana. Comecei a assinar minhas criações dessa forma.

JX: Alguma relação com o líder revolucionário Emiliano Zapata Salazar?
ZZ: Muita gente já me perguntou isso, já pensou isso. Mas não tem nenhuma ligação com Emiliano Zapata nem com o movimento Zapatista. Foi mais uma combinação estética e sonora com o Zuza. E eu adoro a letra "Z"... (rs)

JX: Em que o Zuza de hoje se assemelha ao menino de Macaé?
ZZ: Acho que a vontade de fazer música... Viver da música... De continuar buscando uma linguagem minha de me expressar.

JX: Dos desenhos a música. Da Arquitetura a Gravação e Produção Fonográfica. Qual o fator desencadeante para que essas mudanças ocorressem?
ZZ: Acho que existe um divisor de águas muito claro na minha vida, que foi quando a música me fez arrepiar. Quando, mais ou menos com 14 anos, ouvi a música "O Tempo Não Para" do Cazuza, e logo depois descobri o rock. Quando experimentei aquilo, tive certeza absoluta que era aquilo que queria fazer pro resto da vida. Escrever letras de música e poesia.
JX: Além de Cazuza, quais os ídolos são referência ao seu trabalho?
ZZ: Acho que o Cazuza nem é tanto uma referência no meu trabalho. Sempre bebi muito mais na fonte do Lobão por exemplo, do Caetano, Tom Zé, e mais recentemente do Otto, Zeca Baleiro, Lenine, Céu...

JX: Grande parte dos ídolos por você citados são nordestinos. Mera coincidência ou a arte nordestina de fato te encanta de maneira especial?
ZZ: Geralmente, tudo que vejo vindo de lá, me emociona muito: Nação Zumbi, Mundo Livre S/A, Cordel do Fogo Encantado... São Bandas maravilhosas, que realmente me encantam de maneira especial.

JX: Como nasceu a grande parceria entre você e Waltinho Carcará?
ZZ: Com o Waltinho foi algo especial. Nos esbarramos nos corredores da faculdade. Ele estava procurando onde seria a próxima aula. E dali o chamei para compor e começamos a fazer coisas juntos. Uma pena que há um bom tempo não nos reunimos para compor. Foi um cara que soube de cara entender o que queria passar com minhas músicas.

JX: Quando e como veio a idéia de produzir o primeiro disco?
ZZ: O projeto final da faculdade era produzir um disco com 03 músicas. Mas acabou que tínhamos bem mais que três músicas. E resolvi investir nisso.

JX: Quando você pegou o disco a primeira vez, qual foi a sensação? Dever cumprido?
ZZ: Mais ou menos (rs). Foi de frustração. Me deu uma sensação terrível de que eu tinha feito um trabalho muito ruim. Rolou o que chamo de "depressão pós-parto", rejeitei totalmente minha criação. Não gostava das músicas, do instrumental, da minha voz, das letras. Mas tinha que divulgá-lo. E quanto mais o mostrava, mais ia gostando, mesmo com as imperfeições que só eu notava. E depois de um tempo, me deu sim a sensação de dever cumprido. Na verdade, me deu a sensação de etapa concluída, mas que tinha muita coisa a ser feita ainda.
JX: Sentia falta dos palcos? Quando e como foi o primeiro contato, o momento em que você de fato encarou o público?
ZZ: Até gravar o primeiro disco eu tinha pisado umas três vezes no palco e de forma muito rápida. Cantando uma ou duas músicas. Minha primeira apresentação foi em 2010 e foi muito especial. Me senti em casa. Apesar do nervosismo inicial, tudo correu muito bem. E a partir dali a coisa fluiu bem. Meu último show foi o que mais gostei. Fiz algumas pequenas mudanças. No primeiro show ainda cantava sentado... Era uma coisa mais intimista. Talvez pela timidez. E os novos estão com uma pegada mais forte, me sinto mais eu, e a coisa acaba saindo de forma mais interessante.

JX:  Em canções como "Ista" e "Eu Não Rezo", você faz referências a uma "não-religião". Qual a sua fé? Quais as suas crenças e convicções?
ZZ: Eu sou de família evangélica, mas não acredito em religião. Apesar de entender a importância dela para algumas pessoas. Creio em Deus de uma forma minha, bem pessoal mesmo. Tem um poema do Fernando Pessoa que gosto muito, que diz:
"Mas se Deus é as árvores
  E os montes e o sol e o luar,
  Então acredito nele,
  Então acredito nele a toda hora
  E a minha vida é toda uma oração e uma missa
 E uma comunhão com os olhos e pelos ouvidos"

JX: Quem são seus ídolos literários? Eles influenciam de forma direta em seu trabalho?
ZZ: Eu gosto muito de ler biografias, e a vida das pessoas que leio influenciam na minha vida, e com isso acaba influenciando na forma que escrevo. Além disso, gosto muito de ler poesia... Gosto muito do Drummond, por exemplo. Sempre ando com um livro dele na mão.

JX: Já ouvi você dizer algumas vezes que você é um "letrista metido a cantar". Já que há essa ligação com a literatura, por que cantor e não poeta?
ZZ: Boa pergunta. Eu penso em publicar algumas poesias também, futuramente. Mas acho que é um terreno um pouco diferente. A música dá uma liberdade maior, posso estar equivocado, mas tenho essa sensação...

JX: Quais os próximos planos para a sua carreira? O que vem por aí? Você já pensa na produção de um novo álbum?
ZZ: Sim, sim, sem dúvida. Já estou com várias letras prontas esperando para serem musicadas. Vou gravar uma nova agora e umas antigas com novos arranjos. Lançarei em um CD simples (sem encarte, caixinha de papelão), mais para distribuir mesmo. E já tô pensando em um videoclipe. Vamos ver o que acontece. No momento o que mais quero é fazer bastante show mesmo.

JX: O que você espera da sua carreira? Você consegue visualizar um limite, o lugar onde você quer chegar?
ZZ: A frase que sempre me vem a cabeça quando me perguntam isso é uma música do Max de Castro: "...na vida o que peço: viver da música que faço...".

JX: Zuza, nós agradecemos a você pela atenção conosco. Te desejamos sucesso. Música, Cor e Paz!
ZZ: Eu é que agradeço ao "Jeito Xadrez" por ter me convidado a dar essa primeira entrevista ao blog. E desejo sucesso e vida longa! Quanto mais gente divulgando música brasileira de qualidade, melhor fica. Grande abraço a todos!

   Para conhecer mais sobre o trabalho do músico Zuza Zapata, acesse: www.oinovosom.com.br/zuzazapata

  
   Voltamos na póxima semana com mais dicas no Mosaico Cultural!



Fotos: Ludimila Roumillac e Léo Chaves.

domingo, janeiro 02, 2011

Música, COR, e Paz!

   Pergunte a quem quiser. Seja quem for, todos gostariam de voltar no tempo para mudar alguma coisa em nosso passado, e que hoje, faria toda a diferença.
   Na impossibilidade de fazer essa viagem no tempo, qualquer idéia de recomeço nos transforma, por acreditarmos que teremos experiências melhores, graças ao que aprendemos com nossos erros e sofrimentos, consequência de escolhas erradas. Nos sentimos melhor preparados para encarar novas dificuldades, pois as antigas nos fizeram crescer, amadurecer.
   Recomeçar alimenta a alma com uma luz suave. E nenhuma outra data nos revigora tanto essa sensação de esperança do que a chegada de um novo ano.
   Uma nova lista de conquistas e metas a serem alcançadas, nossos desejos, nossas forças renovadas, e um sorriso incomum de quem crê que fará seu melhor!
EcoBag
Campanha SEPAC
   O que te faz sentir bem? O que te faz crescer como pessoa? O que faz parte da sua nova vida, do seu novo ano, da sua nova listade dessejos?
   Escolhi me sentir melhor porque quero ser melhor. Quem sabe investindo em itens necessários... Nada de sapatos novos, ou uma televisão maior. Talvez, uma bolsa ecológica, para plásticos a menos em casa; lixeiras coloridas para que o mundo recupere suas cores.
   Decidi ser melhor com as pessoas que me querem bem, com as pessoas que eu amo, e que muitas vezes recebem muito mais de meus "desabafos", do que minhas palavras de carinho.
    Quero aprender a dizer não quando necessário, e mais sim a quem precisa.
   Quero crescer. Não com erros grandes, como os que cometi nos ultimos tempos. É fato que eles muito me ensinaram, mas da forma mais dolorosa. E nem todas as feridas cicatrizaram. Crescerei com a calma. Talvez eu já tenha as respostas, e ao invés de novas tentativas sem rumo, posso simplesmente pensar um pouco mais antes de agir.
   Precisarei administrar melhor o meu tempo. Há coisas muito importantes a serem feitas que não podem ser deixadas para trás, como as partidas de futebol na garagem com meu filho. Meus amigos deverão fazer parte dos meus dias com mais frequência, mas apenas aqueles que fizerem questão. Não perderei mais tempo com aqueles a quem não faz diferença o meu abraço.
   Abraços... Quero abraçar as oportunidades que surgirem em meu caminho, e fazer delas minhas maiores conquistas! Resolver as pendências que entulham minhas gavetas há anos, e deixar mais espaço para o que a vida me trará de bom.
   E definitivamente, está na hora de aposentar a foto em preto e branco que vez ou outra aparece em meu MSN quando meu mundo fica triste e desbota toda a cor.
   A minha nova vida é regada de cor! Ainda que xadez, mas em cores vivas!
   E além de tudo, quero a paz que o som me traz... Toda músicalidade que em mim houver, que floresça em mim! Que contagie quem se aproximar... E que venha o sol, nos iluminar!

   Aos meus amigos que constroem comigo os sonhos de cada dia, a minha familia que nunca desiste de mim, ao meu filho que me ensina tanto, aos que admiram o meu trabalho e me ajudam a continuar sempre em busca de fazê-lo melhorar, um excelente recomeço!

A todos que fazem parte dessa história,

Música, COR, e Paz!



  Fotos: internet.