sexta-feira, abril 29, 2011

Segundo Dia - Festival de Animação e Arte

   Mesmo estando muito doente, decidi me esforçar ao máximo para prestigiar aos pequenos atores da Escola Estadual Coronel Coelho, que se apresentaram nessa quinta-feira. Todo o meu esforço e expectativa foram superados com uma apresentação lindissima!
   Uma peça linda, cheia de sensibilidade, impecável na impostação de voz, presença de palco... Simplesmente deliciosa de assistir!
   Tenho certeza de que a comoção foi geral, quando aqueles meninos começaram a chorar no final da peça! Eles agradeciam de forma tão sincera, que é único das crianças, dizendo que o teatro era tudo na vida delas... Vidas que estão apenas começando, mas tenho certeza, de que na direção certa!
   Eu agradeço muito aos pais dessas crianças, por terem ido assistir a peça, pelo incentivo tão lindo que tive a oportunidade de presenciar nos bastidores. Agradeço, mais uma vez aos integrantes do Grupo Anim'Art, pela iniciativa maravilhosa de realizar esse Festival, nos dando a oportunidade de conhecer grandes artistas, e por fazê-los descobrir a própria arte! E em especial, parabenizar ao diretor da peça, Tiago, que conseguiu fazer com que as crianças mantivessem sua essência, e por meio dela, transbordassem pureza naquele palco!
   É uma honra poder receber essas doses diárias de arte, feita com tanta dedicação!
Peça: A Formiguinha e a Neve
Autor: Adaptação de João de Barro (Braguinha).
Ano:
Gênero: Infantil
Resenha: Um exemplo de superação das dificuldades, na esperança de sempre alcançar os objetivos. A formiguinha durante um dia de trabalho, prende o pé, e não conseguindo se soltar sozinha, tenta resolver com tudo o que encontra na volta, quando não consegue, busca a Deus, que envia a Primavera e a salva.
Personagens:
- Narrador;
- Formiguinha;
- Sol;
- Rato;
- Gato;
- Cachorro;
- Homem;
- Morte;
- Deus;
- Primavera;
- Flores.
Elenco: (ESTARÁ DISPONÍVEL EM BREVE)
Direção: Tiago


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quarta-feira, abril 27, 2011

Primeiro Dia - Festival de Animação e Arte

   Teve início hoje a programação do "I Festival de Animação e Arte", realizado pelo Grupo Anim'Art.
   Infelizmente, cheguei atrasada, e não pude acompanhar a abertura e a apresentação dos jurados, mas tive o prazer de chegar a tempo de acompanhar a primeira peça!
   A primeira impressão é a que fica, e minha sensação foi de orgulho! Quando cheguei, haviam lugares vazios que foram sumindo aos poucos, com a chegada de mais pessoas. A casa ficou quase completa! E isso em Capelinha é bastante difícil, tendo em vista a falta de interesse das pessoas em participar de eventos culturais como esse!
   Reencontrei alguns amigos que eu não via há algum tempo, mas que estão sempre presentes nesses bons momentos da nossa cidade!
   Quando a luz se apagou, senti uma euforia querendo se formar em mim, como se eu fosse quem estivesse prestes a surgir por trás daquelas longas cortinas em um tom de azul confortável. E lá estavam eles, a postos. Prontos para nos mostrar o que haviam preparado com tamto zêlo. Jurados atentos, público com a respiração suspensa. E o breve instante de silêncio se rompe, começa o espetáculo!
  
Peça: "A Porca e o Santo" - I Ato
Autor: Ariano Suassuna
Ano: 1957
Gênero: Comédia
Resenha: Aborda o tema avareza. É dividida em três atos. Aproxima-se da literatuda de cordel e dos folguedos populares do Nordeste. Na trama, Suassuna narra a história de um velho avarento, conhecido por Euricão Árabe. Ele é devoto de Santo Antônio e esconde em sua casa uma porca cheia de dinheiro. Muito divertida, a história mistura o religioso e o profano. Apesar de engraçado, o texto tem um fundo filosófico, o que não pode passar despercebido. O texto não se sustenta só com o riso, mas sobretudo pela visão crítica. Suassuna utiliza uma trama muito simples para tratar algo mais complexo, como a relação do mundo material com o espiritual. Deve-se perceber que o comportamento de Euricão lembra muitos conflitos barrocos de ordem religiosa. No entanto, esse conflito, inerente ao ser humano, chama a atenção pelo fato de o personagem não desfrutar de sua riqueza. Existe uma semelhança da personagem Caroba com Chicó, da obra "O Auto da Compadecida". São dois miseráveis que vivem na astúcia, na inteligência e nas "manobras", uma poderosa artimanha de sobrevivência. Deve-se atentar também para a busca da resposta de Euricão para a pergunta que faz ao constatar que o dinheiro que sempre guardou não vale mais nada: "Um golpe do acaso abriu meus olhos (...). Que quer dizer isso, Santo Antônio? Será que só você tem a resposta?" Ou seja, ou ele evolui e percebe que o dinheiro serve apenas como um "meio" e não um "fim", ou então regredirá mais ainda e jamais entenderá o que aconteceu, vivendo eternamente uma ilusão. Esse é o momento em que ele terá que escolher entre o discernimento e a loucura: entre o permanente e o efêmero. Segundo o autor, O Santo e a Porca não é uma obra original sua, mas sim uma adaptação de Plauto, escritor latino do período antes de Cristo. Na peça Aululária, o protagonista é "Euclião", que encontra uma panela de ouro deixada por seu avô. Esse "achado" aliado ao casamento de sua filha com um velho rico origina o mote central de um texto ágil cheio de encontros, desencontros e ambiguidades. Suassuna adaptou o texto de Plauto, mas desenvolveu uma releitura dentro do contexto nordestino da literatura de cordel e criou uma trama mais complicada. O Santo e a Porca é um texto escrito para teatro bastante fácil, mas é preciso prestar atenção nas rubricas (indicações entre parênteses). Elas acabam fazendo o papel do narrador e dão o "tom" da cena.
Personagens: As personagens estão intimamente ligadas ao enredo, e vice-versa. Estas são as duas forças principais que regem um texto dramático. São elas:

Euricão - "Engole Cobra", Eurico Árabe; é o protagonista da peça; é pai de Margarida e irmão de Benona; personagem avarento.

Porca - Oposição do profano frente ao religioso (Sto. Antônio); é o objeto de cobiça; representa a avareza de Euricão, um dos 7 pecados capitais.

Santo Antônio - santo casamenteiro, "achador" e popular; santo de devoção de Euricão; representação do sagrado e da fé.

Margarida - "flor bucólica"; filha de Euricão (a filha é o patrimônio do pai, é noiva de Dodó; personagem que desencadeia dois pólos de interesse: material (Euricão) e sentimental (Eudoro e Dodó).

Benona - alusão à personagem de Plauto, Eunomia do grego EUNOMÍA (ordem bem regulada); é irmã de Euricão, ex-noiva de Eudoro; representa os pudores e os recatos.

Caroba - "árvore grande e forte"; empregada de Euricão; é a personagem que desenvolve toda a rede de intrigas que envolve os casamentos.

Pinhão - "fruto rústico"; empregado de Eudoro; é noivo de Caroba; representa a busca da liberdade.

Eudoro - "EÚDOROS"- composto por “eú” (bom,bem) e de “dôron” (o generoso); pai de Dodó; é ex-noivo de Benona e pretendente de Margarida; representa a burguesia.

Dodó - redução do nome Eudoro (indica a submissão do filho ao pai); é o filho de Eudoro; noivo de Margarida.
Elenco:
- Caio Amadeu Oliveira Mairão
- Danielli de Cássia Guedes
- Dayane Ferreira de Jesus
- Dharlen Oliveira Martins
- Jaqueline Gomes
- Pedro Augusto Xavier Viana
- Thiago Antunes Santos
Direção: Buxexa.


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É Hoje!!

   Vale lembrar que hoje começa a programação do "I Festival de Animação e Arte" de Capelinha/MG!
   CLIQUE AQUI para ver a programação completa do evento!
   Lembrando que toda a programação é gratuita, mas é necessário pegar convite com o pessoal do Anim'Art no SPAI (antiga Casa da Cultura, na Rua das Flores - Centro), já que o local onde acontecerão as peças só comporta 200 pessoas!!!
   Então, corram antes que acabe!!!
   O pessoal da peça de hoje é da Escola Estadual Professor Antônio Lago, e estão a todo vapor, ensaiando pra fazer o melhor no palco! Direção do Buxexa!


E no próximo sábado, dia 07 de maio, tem Maria Letícia!

sexta-feira, abril 22, 2011

I Festival de Animação e Arte em Capelinha - MG

   Há alguns meses atrás, recebi o convite do Grupo de Teatro Animarte para participar do "I Festival de Teatro", realizado por eles em Capelinha. Fiquei imensamente feliz com o convite! É sempre muito bom ver os jovens engajados em projetos que visam reavivar a cultura de nossa cidade.
   Capelinha já viveu tempos maravilhosos com as Semanas da Cultura, Festa do Divino, desfiles de sete de setembro... Mas tudo vai morrendo pouco a pouco, com a falta de interesse das pessoas tanto em manter, quanto em participar desses movimentos.
   Atualmente, vejo grupos como a Fanfarra Lau Soyer e a AMUC (Associação dos Músicos de Capelinha) lutarem para sobreviver em meio a um cenário completamente imerso nas "culturas" de massa.
   Particularmente, acredito que nenhuma atitude extremista vencerá essa batalha. Acredito muito mais que todos ganharemos, quando começarmos a aliar a tradição ao contexto contemporâneo.
   Torço muito para que essa iniciativa do pessoal do Grupo Animarte resulte em coisas maravilhosas! Que mais pessoas despertem para a arte, cada vez mais empresas entendam o valor e a necessidade de incentivar esse tipo de projeto, e que seja apenas o primeiro festival de muitos que virão, a partir de agora!
   Aproveito a oportunidade para, em nome de toda a família "Maria Letícia", agradecer ao Reginaldo pelo convite, pela oportunidade de divulgar o nosso trabalho e de dividir esse momento tão especial de celebração da arte.
   Deixo aqui então, a programação do "I Festival de Teatro", que acontecerá em Capelinha, de 27 de abril a 08 de maio/2011, e o convite para que todos compareçam nessa grande festa da cultura!

  • Quarta-feira, 27 de abril:
19:00 - Abertura do "I Festival de Animação e Arte"
            Local:  SPAI  (antiga Casa da Cultura, na Rua das Flores - Centro)     
19:10 - Apresentação dos Jurados
            Local: SPAI
19:40 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Prof. Antônio Lago"
            Local: SPAI
  • Quinta-feira, 28 de abril:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Coronel Coelho"
            Local: SPAI


  • Sexta-feira, 29 de abril:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Dr. Juscelino Barbosa"
            Local: SPAI


  • Sábado, 30 de abril:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Pof. Rosarinha Pimentinha"
            Local: SPAI
  • Domingo, 01 de maio:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Prof. Herminia Eponina da Silva"
            Local: SPAI


  • Segunda-feira, 02 de maio:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Domingos Pimenta de Figueiredo"
            Local: SPAI


  • Terça-feira, 03 de maio:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes da "E. E. Prof. Geralda Otoni Barbosa"
            Local: SPAI


  • Quarta-feira, 04 de maio:
19:30 - Apresentação Teatral dos integrantes do "Inst. Educ. Manoel Luiz Pêgo"
            Local: SPAI


  • Sexta-feira, 06 de maio:
A programação acontecerá na antiga Casa da Cultura (SPAI), a partir das 20h

            Apresentação do "Grupo Murion", de Padre Paraíso/MG
            Abertura Oficial "Encontro RCT Capelinha"
            Leitura do Histórico das Atividades da Entidade
            Composição de Mesa com Autoridades Locais
            Apresentação e Recepção da Cidade
            Apresentação "Grupo Cultural Adahun", de Capelinha/MG


  • Sábado, 07 de maio:
05:00 - Alvorada "Fanfarra Lau Soyer" (Capelinha/MG)
            Local: Ruas da cidade.
13:00 - Grupo Cultural "Adahun" - Fanfarra "Lau Soyer" (Capelinha/MG)
             Local: Praça do Povo.
19:00 - Louvor - Participação: Banda Expressão de Louvor (Capelinha/MG)
            Local: Igreja Assembléia de Deus (Centro)
20:00 - Coral "Flor da Terra"  (Francisco Badaró/MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"
21:00 - Coral "Araras Grandes" e Grupo "Quingemm"  (Araçuaí/MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"
22:30 - Jederson Cordeiro e Banda "Jequitivale" / Jéssica Souza (Capelinha/MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"

00:00 - Maria Letícia
Maria Letícia (Voz e Violão)
Marisa D'Carvalho (Voz, Violões 06 e 12 cordas, teclado)
Homero Kaú (Voz, Violões 06 e 12 cordas, guitarra)
Gabriel Rocha (Baixo)

Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"


01:30 - Banda "Diporta Afora" (Padre Paraíso/MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"

  • Domingo, 08 de maio:
19:30 - Santa Missa
            Local: Igreja Nossa Senhora da Graça (Matriz)
21:30 - Premiação do "I Festival de Animação e Arte"
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"
22:30 - Grupo "Expressão de Louvor" (Capelinha – MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"
23:30 - Banda "Akasus" (Capelinha – MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"
00:30 - Fet Samba e Pagode (Capelinha – MG)
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"
01:30 - Silvana
            Local: Quadra da "E. E. Prof. Antônio Lago"

terça-feira, abril 19, 2011

Vinícius Calderoni

   Um dia desses, numa dessas aventuras de acordar tão cedo, correndo atrás do meu filhote, ouvi uma voz tão encantadora, que desviou minha atenção e não me permitiu mover nem mais um passo sem descobrir de quem se tratava.
   Vinícius Calderoni. Falava de seu trabalho como músico e cineasta em um programa na Rede Globo, do qual não me recordo o nome. Aliás, não me recordo de muitas coisas. Era ainda muito cedo e eu ainda lutava pra permanecer de olhos abertos. Fato é, que não pude esquecer aquela voz, e guardei seu nome, pra descobrir um pouco mais sobre esse moço, e sua arte inigualável.
   Conheci o CD, as músicas, e a cada descoberta sobre a trajetória desse menino com história de gente grande, eu passo a admirá-lo mais.
   É uma honra apresentar a vocês o talento, a arte e a voz encantadora de Vinícius Calderoni!


Vinícius Calderoni é natural de São Paulo/SP. Aos nove anos de idade, passa a ter aulas de musicalização na Domus (escola de música paulistana), tendo Pedro Mourão como professor. Na mesma época, começa a escrever suas primeiras letras de música, peças teatrais e roteiros para cinema. Após longa parada, retoma os estudos musicais na Domus, aos 13 anos, tendo novos professores, como Akira Ueno, Renato Epstein e Chico Pinheiro. Em 2001, depois de diversas tentativas de seu primo Ricardo Calderoni (aquela época cursando violão na faculdade Santa Marcelina) e de seu tio David Calderoni (antor, compositor e violonista), começa a tocar violão para dar vazão a composição de suas canções. No mesmo ano, monta três bandas (Discurso Indireto Livre, No Ar e Na veia e Cafetão Planeta), e se apresenta em seu colégio e em diversos festivais inter-escolares, chegando a executar músicas de sua autoria. Compões, em seu primeiro ano como compositor, "Crédulo" e "Palhaçada". No ano seguinte, monta outra banda (Som Silvestre), que só executa canções próprias, sendo a maioria das canções, parcerias de Vinícius Calderoni com seu amigo Fábio Lyra (hoje também músico). Em 2003, ingressa no curso de cinema da FAAP e no curso de história da USP, lugares onde fará grandes e decisivas amizades, estabelecendo novas parcerias. As primeiras duas músicas de sua autoria gravadas são lançadas no cd "Regeneração" de seu tio David Calderoni: "Na Certa", com letra de Vinícius e música de David; e "Maná", com música de Vinícius e letra de David e Vinícius. Também em "Maná", divide os vocais com David e na última canção do disco, "Pra Vinícius", contribui tocando pandeiro. Inicia aulas de violão com o grande violonista Ulisses Rocha, que terá papel fundamental no início da carreira de Vinícius Calderoni. Em 2004, monta com os amigos que conhecera no Colégio Santa Cruz, Tó Brandileone e Dani Gurgel o quinteto "Quincas", também formado por Gustavo "Suza" Suzuki, outro amigo do colégio Santa Cruz, e Pedro Henrique Manesco, antigo colega da Domus. A banda, que tocava um repertório variado de música brasileira, se apresenta em diversas casas de show paulistanas como o "Café Piu Piu", executando muitas canções de autoria de Vinícius Calderoni. Estimulado por Ulisses Rocha e amigos, em setembro/2004, com 19 anos recém completados, seu primeiro disco. Participam inicialmente das gravações, o pianista Tiago Costa, o baixista Zé Alexandre Carvalho, o baterista Pepa D'elia e o percussionista Márcio Forte, além de Ulisses, que acumula as funções de violonista, guitarrista e produtor do CD. Começa a estudar canto com Lybra Serra, que também se torna responsável pela direção vocal do disco. Em 2005, dando continuidade a gravação do CD, faz, no "Café Piu Piu", seu primeiro show solo, com direção musical de seu amigo e parceiro Tó Brandileone. Por razões médicas, começa a frequentar a fonoaudióloga Silvia Pinho, que passa a complementar seu estudo de canto. Dirige dois curtas-metragem em seu curso de cinema da FAAP: "Entre Outros", co-dirigido com a amiga Daniella Saba, e "Cinzas", dirigido apenas por Vinícius. Pela constante troca de idéias e mais aclimatado ao ambiente de estúdio de gravação, é promovido ao cargo de produtor de seu próprio disco em parceria com Ulisses Rocha. Em 2006, conhece a cantora Fabiana Cozza, que grava uma participação especial em seu disco na faixa "Litoral". No mesmo ano, Vinícius faz participação especial em show de Fabiana, na temporada em que a cantora convida diversos compositores no "Grazie a Dio". Grava duas participações nos vocais no disco da banda paulistana "Trash Pour 4", cuja baterista Mariá Portugal é amiga de Vinícius desde os tempos da escola Domus. As faixas em que participa são "Geni e o Zepelim", de Chico Buarque, e "You're So Vain", de Carly Simon. Finaliza a gravação de seu disco, com grande equipe envolvida. Conclui o curso de cinema. Seu disco "Tranchã" foi lançado em 2007.

Jeito Xadrez entrevista Vinícius Calderoni

JX: Vinícius, é um prazer recebê-lo no "Mosaico Cultural". Seja bem vindo!
VC:
O prazer é todo meu, de falar com vocês e com os leitores do Mosaico Cultural.


JX: Desde muito cedo você demonstrou interesse pela música, teatro, cinema... O que o despertou para a arte?
VC: Desde que me entendo por gente, sempre soube que queria ser artista. Não foi uma escolha: era a única possibilidade pra mim, nunca passou outra qualquer pela cabeça. Não saberia dizer o que exatamente me despertou para a arte. Meus pais e tios são admiradores de variados tipos de arte, tenho um tio cantor e compositor, sem dúvida tudo isso foi decisivo. Mas nas minhas lembranças mais remotas já havia esse desejo de fazer arte, e sempre um olhar abrangente, com interesse por cinema, música, teatro, cada vez um em maior destaque, mas todos com seu espaço.

Grupo 5 a Seco
JX: Quais são suas referências musicais?
VC: Essa é a pergunta mais difícil de responder. Acho que para mim e para meus colegas contemporâneos. Nossa geração, por causa da Internet, foi a primeira a ter um acesso quase ilimitado à música que se faz no mundo todo em diferentes épocas. Isso produziu artistas sem amarras, nem preconceitos, nem estilos preferidos. É claro que fui profundamente influenciado pelos grandes cancionistas da música popular brasileira, como Chico Buarque, Tom Jobim, Caetano, Gil, Milton, João Bosco, e milhares de outros. Contudo, amo uma infinidade de artistas, de Jackson do Pandeiro a Radiohead, de Camille a Jorge Drexler, de Emicida a Charles Mingus. Sem contar a influência que recebo de meus contemporâneos, como meus colegas do 5 a Seco e muitos outros amigos de geração.

JX: O nome de seu primeiro disco vem de uma citação do músico e compositor Chico Buarque. Por que a escolha desse nome?
VC: Quando crinaça ouvia muito minha mãe falando essa palavra e adorava a sonoridade. Quando procurava nome pro disco, ouvi essa palavra novamente cantada pelo Chico no show da turnê Carioca, na cançaõ Cantando no Toró. Fui atrás do significado e descobri que Tranchã era uma palavra a um só tempo sinônimo de coisas legais, bonitas, interessantes e também significava algo categórico, resoluto. O signficado, mais a história afetiva que a palavra possuía pra mim foram o bastante.

JX: "Tranchã" levou mais de dois anos para ser produzido. Foi de fato necessário tanto tempo, ou apenas por perfeccionismo?
VC: Foi uma junção de fatores:  a questão financeira, pelo fato do disco ter sido produzido de modo completamente independente; o fato de eu ainda estar na faculdade de Cinema na época, portanto fazendo filmes e projetos concomitantes; mas, sem dúvida, sobretudo, o longo tempo de produção foi necessário para o meu amadurecimento como artista, para experimentar texturas e sonoridades que traduzissem o que almejava, posto que iniciei a gravação do disco completamente inexperiente, com 18 para 19 anos. Nesse processo forma absolutamente vitais o Ulisses Rocha, diretor musical, produtor do disco junto comigo e um mestre musical sem igual e o Adonias Souza Jr., técnico de gravação e co-produtor do disco.

JX: Suas composições são muito marcadas pela inteligência de seus contextos e jogos de palavras bem elaborados. Ao que se deve esse tipo de criação?
VC: Agradeço pelas palavras generosas. Bem, acho que sou um apaixonado pelas palavras: por sua sonoridades, suas nuances, seus significados específicos, seus mistérios. Sempre gostei de escrever e acho que era inevitável que isso invadisse a seara das canções.


JX: "Das Bocas" é a música que você define como "a canção que me fez crer que eu poderia ser mesmo um compositor". O que a faz ter toda essa responsabilidade?
VC: Foi uma das primeiras canções que compus, ainda no segundo ano do Ensino médio, e a primeira que foi admirada por muitos amigos, sinceramente admirada, de modo que passei a acreditar que talvez as pessoas pudessem gostar e ter atenção às coisas que fizesse.

Bruna Caram e Giana Viscardi
JX: É comum encontrar trabalhos feitos por você em parceria com outros músicos, como em 2008, quando aconteceu no Tom Jazz o projeto Vinícius Convida Cantoras, além das participações em seu disco, e que você também faz com Dani Gurgel, Trash Pour 4, Tó Brandileone... Essa troca é essencial?
VC: Absolutamente essencial. Arte é encontro. O diálogo enriquece, você pode ir a lugares que nunca iria sozinho. Os projetos colaborativos são absolutamente fundamentais para mim.

JX: Você é formado em Cinema pela FAAP, tem dois curtas no currículo. Mas um trabalho bastante interessante, foi a produção dos 12 clipes de "Tranchã", onde você une o Vinícius cineasta ao músico. Fale mais sobre esse trabalho.
VC: Foi um projeto maravilhoso, espetacular. Doze amigos, jovens diretors de cinema, além de mim próprio que dirigi também um clipe, escalados para dirigir os clipes de todas as canções do repertório de Tranchã. O resultado, plural e surpreendente me orgulha profundamente. Depois, os clipes geraram uma temporada de shows, dirigidos pelo Rafael Gomes, meu parceiro e grande amigo. Eram shows multimídia, que fundiam música, cinema e teatro, tentando apagar as fronteiras entre essas artes. O resultado foi sensacional, algo de que muito me orgulho. Os clipes, aproveitando o ensejo, podem ser vistos através do site www.os12clipesdetrancha.com.br ou youtube.com/os12clipesdetrancha

JX: Como tem sido a repercussão do seu trabalho, além dos limites paulistanos?
VC: Cada vez mais gente tem conhecido e entrado em contato fora de São Paulo, sobretudo depois do início do 5 a Seco, o que me deixa imensamente feliz. Pretendo lançar um disco novo solo em março de 2012, e viajar bastante por vários desses lugares no Brasil.

JX: Hoje, já depois de algum tempo com o disco e fazendo a divulgação desse trabalho, eu gostaria de saber na lata, no que você bota fé? Com o passar do tempo mudou muita coisa em sua visão? As coisas se mostram menos ou mais fáceis do que o esperado?
VC: Boto fé, cada vez mais, no trabalho consistente, feito de coração e com generosidade. Não há possibilidade de um trabalho tenaz e bem-feito não alcançar seu espaço, demore mais ou menos. Acho que um artista tem que estar constantemente em movimento, sempre construindo e solidificando seus projetos. Acho que o que deve mover um artista são coisas a dizer e não vontade de fazer sucesso. Percebo também que os artistas que mais me interessam, e do qual espero fazer parte, são aqueles que tentam borrar as linhas fronteiriças entre as artes.


JX: Algum novo projeto em vista para os próximos tempos?
VC: Muitos. O 5 a Seco grava dvd e cd em Junho no auditório Ibirapuera e lança no final do ano. No segundo semestre gravo meu novo disco solo para lançar em Março de 2012. Estou também escrevendo uma peça teatral e acabei de traduzir outra que pretendo montar no sgundo semestre de 2011 ou no início de 2012. Com o Tó Brandileone acabei de terminar também mais uma trilha sonora para teatro, a nossa segunda, sendo que fizemos também uma para cinema. Enfim: projetos não faltam, graças a Deus.


JX: Vinícius, eu agradeço muito pela atenção que teve conosco desde o começo. Esperamos que você esteja em breve em Minas Gerais, pra que nós possamos conferir de perto esse trabalho singular que você faz tão bem! Sucesso, música e paz!
VC: Eu é que tenho a agradecer muito o carinho e a atenção. Espero também estar em Minas Gerais em breve, estado que eu adoro. Um beijo grande a vocês!



http://www.viniciuscalderoni.com.br/