segunda-feira, março 07, 2011

A História de uma menina rosa: Maria flor...

   Não nasci “Maria”. Na verdade, sou Letícia Mônica Gomes Batista. Filha de Élio Everaldo Batista Santos e Adalgisa Mônica Gomes Batista.
   Não tenho muitas recordações de quando pequena, mas bem sei que quando cheguei, a música já estava lá, graças ao meu avô, Ulisses Batista, músico tradicional de Capelinha/MG, minha cidade natal.
   Lembro de algumas reuniões familiares, tios e primos cantando e tocando, o guarda-roupas no quarto do final do corredor, cheio de instrumentos. Era só reunir a família, e as coisas iam surgindo, como bichos que saíssem de suas tocas: pedestais, microfones, violões, bandolim, bongô, pandeiro... E eu correndo com meus primos, ainda pequenos, sem a percepção da grandiosidade do que acontecia a nossa volta: a musicalidade da família Batista.
   Quando a familia soube que eu cantava, senti, por parte do meu pai, uma certa pressão pra mostrar isso as pessoas. Embora me incomodasse, eu sabia a importância disso, pois era a certeza de que a música seguiria com as novas gerações.
   Minha formação musical foi ouvir a coleção de CDs do meu pai: Biafra, Hansons, Roupa Nova, Zé Ramalho, Oásis, Gonzaguinha, Carpenters, Jayne... Uma variedade incrível que eu costumava passar horas ouvindo e cantando para as galinhas do nosso quintal (risos). Meu primeiro público foram as galinhas.
   Com o início da minha vida social na escolinha, encontrei minha primeira parceira de palco: Tamarah Rocha. Passávamos horas no segundo andar de uma velha casa ao lado da minha, eu cantando, e ela tocando bateria em latas vazias.
   Mas a primeira vez que de fato cantei para um público não galináceo foi em um karaokê, num festival de sorvete promovido pelas estágiárias da escola. Cantei “Bem que se Quis”, de Marisa Monte.
   Aos doze anos de idade (só a partir daí me lembro de datas), fui morar na casa do meu avô Ulisses. Foi quando me interessei em aprender violão. Meu pai chamou um professor que me daria aulas em casa. Fábio Cordeiro, o Fabinho, com quem tive aulas por um mês.
   Lembro do meu avô intervindo nas aulas, palpitando sempre. E empolgado com minha tentativa de aprender a tocar. Fabinho mudou de cidade, e fomos em busca de um outro professor, mas nesse único mês de aula, eu já havia feito um amigo pra vida toda!
   Nessa época, fiz minha primeira música, Filho da Zabumba, cuja melodia tinha apenas dois acordes. Os únicos que eu sabia fazer.
   Por indicação de uma prima, comecei a fazer aulas com Tadeu Oliveira, e cantávamos ao fim de cada aula. Ele foi a primeira pessoa (fora a minha família) a descobrir que eu cantava. E foi através dele que eu aprendi muitas coisas. Já falei um bocado sobre o Tadeu em outros momentos, em outros textos do blog, mas vale sempre lembrar a importância que ele tem na minha vida. O Tadeu foi quem me apresentou a cultura do Vale do Jequitinhonha, quem me proporcionou a experiência inesquecível de subir em um palco de verdade pela primeira vez.
   Em 2004, Tadeu formou um coral com diversas pessoas de Capelinha que cantavam, para participar de uma apresentação do projeto “É preciso ousar nesse lugar”. Naquele momento, eu tive meu primeiro contato com pessoas envolvidas no mundo da musica, que não eram da minha família. Eu estava com 14 anos de idade.
   Com esse coral, nos apresentamos na Casa da Cultura de Capelinha, no Café da Tarde evento que antecede a festa do Capelinhense Ausente), e na comemoração dos 4 anos do programa Canta Minas sob direção do Tadeu, onde conheci Pedro Morais.
   Foram três experiências de autoconhecimento, onde tive mais consciência do meu dom, e de mim mesma. Costumo comparar com um baile de debutantes, pois naquele momento, fui "apresentada a sociedade" (risos). Reencontrei algumas pessoas como Elaine Vieira e César Loredo, com quem eu já tinha contato desde pequena. Conheci outras pessoas: Keila, Fernanda, Poliana, Lalá, Ediana, Jederson, Nenka, Jefferson, Joelmir, Natanael e Gil.
   Em julho/2004, participei pela primeira vez do Galpão Cultural, um espaço dentro da tradicional festa do "Capelinhense Ausente", que dá aos artistas da região, a possibilidade de mostrarem e divulgarem seus trabalhos artisticos, seja com apresentações musicais ou exposição de artesanatos. Foi um espaço fundamental para o meu crescimento, discernimento, e descoberta do meu estilo, da minha capacidade. Onde obtive um maior reconhecimento das pessoas, e oportunidades de mostrar meu talento em outros eventos. E mais uma vez, foi uma oportunidade proporcionada pelo meu "Pai Cultural", Tadeu. Nessa apresentação, estava conosco também a musicista Ediana Leite.
   Uma grande amizade nasceu no coral, entre mim e Jefferson Cordeiro. E por muitas vezes nos encontramos para cantar e conversar. Ele se mudou para Belo Horizonte/MG, mas ainda assim nossa amizade permaneceu. Uma das minhas memórias mais sublimes da nossa amizade, foi em uma das viagens que fiz até BH. Nos encontramos na casa da minha tia, onde eu estava hospedada, e depois de cantarmos "O Bêbado e a Equilibrista" (foto), fomos ao Parque Municipal, e ele leu "O Pequeno Príncipe" para mim. E isso, mais tarde, virou música, mas sobre isso, eu conto depois.
   Em 2005, a convite da então Secretária da Cultura de Capelinha, Preta Vieira, participei do Galpão Cultural com o  Jeff, e com a musicista Marcela Viana. Gravamos juntos uma chamada para a rádio divulgando o evento, no estúdio do músico João Paulo Kazak, que, mais tarde, viria se tornar um grande amigo e a produzir duas de minhas canções.
   Outra pessoa com quem tive muito contato foi Jederson Cordeiro. Irmão do Jefferson, nos conhecemos também no coral. De início, eu convivia mais com o Jeff, mas quando ele se mudou, eu e Jederson passamos a cantar juntos.
   Por meio de Jederson, conheci, em um lual, pessoas que faríam uma incrível mudança na minha vida musical: Paulo Éder e Marcius Vieira Sá. Cantamos juntos nesse lual, em abril de 2006.
   Com o Marcius, ficou só na amizade, e apesar de muitas vezes termos planejado uma apresentação juntos, isso nunca aconteceu.
   Mas com o Paulo Éder, além de uma amizade lindíssima, da qual muito me orgulho em ter, houveram algumas apresentações muito gostosas de fazer, e de lembrar.
   Fomos a um almoço um dia, Jederson, Paulo e eu, em uma churrascaria, onde dois amigos nossos tocavam. Eles precisaram sair, e nos pediram para cantar no lugar deles. Já não havia muita gente lá, mas ainda assim cantamos algumas músicas. Quando saímos, o dono da churrascaria veio correndo para nos alcançar e perguntar quem eu era. Naquele momento, fomos convidados a tocar na churrascaria.
   A primeira vez que tocamos lá, foi na Páscoa/2007. Eu, Paulo Éder, Jederson Cordeiro, e Emerson Cordeiro. Nossos amigos do lual, nossa família... Estavam todos lá. Foi uma experiência nova para mim, pois até então, eu nunca havia cantado daquela forma. Teve um gostinho especial, um frio na barriga quando as pessoas mandavam os famosos bilhetinhos com pedidos musicais.
   A segunda vez em que nos apresentamos lá foi no mesmo ano, no dia das mães. Foi uma situação também nova para mim, pois foi a única vez em que cantei calçada! E foi a última (risos)... Como não irá mais acontecer, fica a foto para registrar o momento. Vale lembrar que o baterista e percussionista Fernando (na época integrante da Banda Números) participou conosco, mas não quis aparecer na foto.
   Uma empresa de Capelinha conheceu nosso trabalho naquele show, e nos convidaram a uma parceria, em que eles nos patrocinariam. Tocamos uma única vez através dessa proposta, como "Banda Acústico Urbano". Houve mais uma apresentação nossa juntos, no Galpão Cultural/2007, mas depois disso, Jederson já não tocava mais conosco, mas eu e Paulo continuamos nos apresentando juntos.
   Participamos no Festival Gastronômico Jequisabor em Capelinha/MG, e depois disso, veio uma oportunidade de fazer algo diferente.
   Fomos convidados a tocar em uma comemoração solene do Rotary Club de Capelinha. Para esse evento, ensaiamos Paulo Éder, Emerson Cordeiro e eu. Mas na época meu irmão havia entrado para a banda da cidade, e ensaiava as vezes em casa. Foi quando decidimos convidá-los a tocar conosco. No dia da apresentação, Paulo chegou me dizendo que havia convidado uma amiga para tocar conosco, e foi nesse dia que conheci aquela que se tornaria minha principal parceira de palco: Marisa. Nos apresentamos: Emerson Cordeiro (baixo), Hiugo (sax tenor), Dênnis Batista (sax alto), Paulo Éder (violão 06 cordas e voz), Marisa D'Carvalho (violão 12 cordas e voz), eu (voz, caxixi e pandeirola), e Bruno "Chico" (trombone de vara).
   Nossa ultima apresentação juntos, os três, foi no Festival Gastronômico Jequisabor de Turmalina/MG.
   Marisa e eu nos apresentamos apenas mais uma vez juntas, em um evento do Banco Bradesco, com participação de Evandro (bateria) e Marcio (percussão). Depois disso, Marisa se mudou para Belo Horizonte/MG.

   No ano de 2008, aconteceria em Capelinha o Festival de Cultura do Vale do Jequitinhonha (Festivale). O Festivale foi uma grande mudança na minha vida. Seria minha primeira participação em um evento que ultrapassava os limites com os quais eu estava acostumada. Haveria pessoas de diversos lugares do Vale. Eu até então nunca havia participado de um festival, mas estava decidida a me inscrever dessa vez.
   Fui convidada a participar do lançamento do Festivale em fevereiro/2008. Tive o grande prazer de dividir o palco com Fátima Neves, Yane Mabel, Carlos Faria, com Paulo Éder (pela ultima vez), e com Tadeu Oliveira, num reencontro depois de tanto tempo.   Participei da abertura do Festivale no final de julho, e em seguida, na mostra musical, no início de agosto. Até então, minha primeira e maior oportunidade, de apresentar minhas composições. Na "Mostra Musical Fernando Tião", tive a oportunidade de cantar quatro canções de minha autoria, sendo elas: "Manhã de Abril", "Flores de Maio", "Faces Ocultas" e "Filho da Zabumba".
   
   O festival me proporcionou conhecer artistas maravilhosos do Vale, e ver mais de perto um pouco daquilo que o Tadeu havia me mostrado, tempos atrás. Pude despertar em mim o meu lado regionão, que me ajudou a compor "Essência", uma música que tem um valor ímpar, pois eu me cobrava muito por não ter uma canção que falasse do Vale. Mas embora eu seja uma musicista do Vale do Jequitinhonha, não canto musica regional. E também tenho uma dificuldade muito grande em classificar meu trabalho, que chamo timidamente de "MPB alternativa".
   Em 2008, participei ainda de uma nova edição do Festival Gastronômico Jequisabor, e do Galpão Cultural, em apresentação minha e participação na apresentação de Dani Almeida.
   Fiquei um tempo afastada dos palcos depois disso. Foi uma época em que comecei minha divulgação através da internet, principalmente pelo Palco MP3. Em outubro/2009, na tentativa de retomar ao trabalho, fui a BH. Matei a grande saudade que eu estava de Marisa, e decidimos voltar a tocar juntas. Nessa data, conheci Homero Kaú, cheio de talento, e que se tornou parte desse trabalho. A partir daquele momento, já deixava de ser "Letícia Batista", e me tornava, orgulhosamente, Maria Letícia. Agora, muito bem acompanhada por esses anjos da guarda talentosíssimos!
   Retornei aos palcos em 2010, a convite do grande amigo Cláudio Bento, para a festa de posse da nova diretoria da Vale Mais, em Belo Horizonte, no Lapa Multishow.
   Uma mistura de emoções: voltar aos palcos, tocar outra vez com Marisa, estrear no palco com o Kaú, reencontrar os amigos que conheci no Festivale há quase dois anos sem ver, conhecer pessoas novas, como nosso "câmera" Thiago e nossa "road" Kênia, apresentar "Essência" pela primeira vez...
   Quando cheguei no Lapa, encontrei Sayle, percussionista que sempre me acompanhou em Capelinha, e que eu não sabia que estaria lá. Ele participou conosco na apresentação e eu me senti em casa, reestreando em grande estilo.
   Mas houveram mais presentes: quando fomos apresentar "Essência", o percussionista Carlinhos Ferreira subiu ao palco para tocar com a gente, Pedro Morais estava dando a maior força atrás do palco, e quando acabamos de nos apresentar, encontrei André Macedo, com certeza a pessoa de quem mais senti falta desde que o Festivale em Capelinha acabou.
   Um momento único, que eu traduziria em uma imagem muito especial: Homero Kaú, que a partir dali passaria a acompanhar essa nova jornada; Marisa D'Carvalho, grande amiga, com quem me sinto honrada em dividir minha vida, minhas canções e os palcos; meu grande amigo Paulo Éder e sua esposa Hélita, que foram nos prestigiar, e Kiu, meu amigo confessionário, fotógrafo e artista plástico que nos acompanha sempre!
   Após essa apresentação, fui convidada a cantar em um casamento em Capelinha. Eu cantaria com o músico Ezequiel, vocalista da "Banda Akasuz". Para minha surpresa, o fotógrafo chamado para fazer as imagens do casamento foi o Kiu, que veio de BH com Marisa. Ao chegar no lugar do evento, a banda que tocaria na sequencia da nossa apresentação já estava lá, e o baixista, Gabriel Rocha, era amigo de Marisa. Fomos apresentados por ela, que cantou comigo. Naquele momento, nós ganhávamos mais um grande parceiro: um menino, que faz música como gente grande. Assim conheci Gabriel, que hoje nos acompanha na jornada de "Maria".
   Em junho/2010, recebi um e-mail de um moço que morava em BH, mas era de Minas Novas/MG, falando sobre o nosso trabalho, disponível na internet. Descobri que ele era amigo em comum de algumas amigas minhas, e nos conhecemos pouco tempo depois. Alisson Zêra: baterista, violonista, compositor...
   Tocamos juntos no Galpão Cultural/2010, acompanhados por meu irmão, que já não tocava comigo há um bom tempo, o percussionista Júlio Penna, que já havia me acompanhado em diversas apresentações, grande parceiro. Quem apresentou foi meu pai cultural, de quem eu também já estava com saudade... E daquele momento em diante, Alisson passou a tocar conosco!  
   Nossa primeira experiência com todos juntos (com excessão de Gabriel) foi no Festivale/2010, em Padre Paraíso/MG, onde conhecemos pessoas fantásticas: Rafael Duvalle, Carina Camargos, Marcela Veiga, Carol Trindade, João Terra... Passamos momentos únicos ali!
   Mas foi somente em 15 de agosto que nos apresentamos como quinteto, no evento "Lady Fest" a convite da organizadora Débora, em Belo Horizonte, no Matriz. Essa data marca o início de uma trajetória, agora completa.
   Agora, com a formação da banda completa, com Marisa D'Carvalho, Homero Kaú, Gabriel Rocha, Alisson Zêra e Maria Letíca, vamos seguindo em frente traçando os rumos da nossa história, que é feita também de todos aqueles que nos acompanham, que dedicam seu tempo a nos ajudar, ou simplesmente pra rir junto!

Um comentário:

  1. Oi Letícia!
    Tudo bem?
    Aqui é Alexandre, de Curitiba-PR, você me conhece como "Xandy", aquele mesmo lá, da Palavra Viva,rsrs...
    Menina, confesso que fiquei emocionado com essa sua "pequena grande biografia", ao mesmo tempo que fui recordando a amizade de várias pessoas no qual você citou, (Todão, Emerson, Jeff, Fabinho, Nenka,etc,), fui recordando do Vale, de Capelinha, da cultura desse nosso povo maravilhoso...
    Menina, desejo a você todo o sucesso do mundo!
    Sempre ouço suas músicas no Palco Mp3, e fico sempre de olho nesse blog!
    Olha, me desculpe o atrevimento, mas te considero a nossa "Marisa do Vale"...Rsrs...Sem querer te comparar, sei que você tem seu estilo peculiar, mas me faz lembrar muito a Marisa...
    Parabéns pela suas canções, pelo seu talento...
    Todo o sucesso do mundo pra ti!
    É o que desejo!
    Um beijão!
    Saudades!

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